domingo, 25 de maio de 2025

Tentativa #16 – A Arte de Tentar Adivinhar

“A expectativa é o maior impedimento para viver: leva-nos para o amanhã e faz com que se perca o presente.”

Sêneca

Bem, cá estamos, em mais um domingo de desabafos e de reflexões.

Desta feita, trago uma Tentativa sugerida por uma das minhas leitoras mais assíduas, sim, que já começo a ter fãs, um clube pequenino de fãs, mas não interessa, ninguém disse que um clube não podia ser só de 2 ou 3 pessoas.

Então, o tema sugerido foi: As Expectativas.

Devo confessar que ainda hesitei em explorar o tema, porque parecia-me que de alguma forma já tinha abordado o tema em parte de Tentativas anteriores.

Mas como foi sugerido por uma pessoa pela qual tenho muita estima esforcei-me em refletir sobre o tema mas sob uma perspetiva diferente.

Comecei a pensar em como é engraçado e até sarcástico e hipócrita o que se passa, e sempre se passou, na sociedade.

É que basta falar com meia dúzia de pessoas sobre a satisfação que têm em relação à sociedade do dia-a-dia, e todos ou a maior parte dirá que não está satisfeito, que não concorda, e várias das queixas coincidirão com certos pontos-chave: desigualdade entre homens e mulheres, desequilíbrio entre tempo profissional e tempo pessoal, exigências exageradas relativamente ao como estar e como ser e parecer perante os outros…São inúmeras as insatisfações.

O engraçado nisto tudo é que acreditem ou não somos nós que fazemos a sociedade. Então, se assim é como é que isto acontece? Como é que ainda estamos neste ponto em que ninguém está satisfeito, mesmo havendo pontos de desagrado em comum?

Será por falta de coragem de ir “contra a corrente” mesmo que afinal a corrente vá ao nosso favor? Será que é porque estamos a ser controlado psicologicamente pelo Governo e afinal todas as teorias da conspiração são verdade, tipo há cenas na água, os pássaros afinal são espiões e a terra é plana?

Eu sei que existem opiniões diversas e que se calhar temos todos o mesmo objetivo e discordamos nos mesmos pontos, mas para cada um as soluções passam por caminhos diferentes, e é aí que voltamos ao mesmo de sempre, percebo.

Sei também que temos que ir todos mais ou menos na mesma onda porque o homem, mesmo que às vezes não pareça (por mim falo), é um ser sociável, que precisa dos outros para sobreviver e por isso vai na onda mesmo não gostando de água nem sabendo sequer nadar.

Também temos a questão de o homem ser um bicho de hábitos, e então atuamos assim e seguimos o que “a sociedade manda” porque “sempre foi assim, sempre assim serááá” (quem apanhou esta referência ou é fã da Disney ou tem filhos em casa a ver filmes da Disney em looping, de uma forma ou outra, #tamosjuntos).  

No entanto, desta vez o que achei interessante e engraçado nestes pensamentos sobre as expectativas é que as exigências e expectativas que sentimos no nosso dia-a-dia e que tanto nos carregam o fardo são criadas não só pelos outros em relação a nós, como, ainda, por nós mesmos. Ou seja, nós criamos a nossa expectativa para nós, para os outros e o que expectamos que os outros expectem e exijam de nós.

Esta última parte é menos simpática de todas, porque é esta expectativa com tentativa de aplicação dos nossos poderes adivinhatórios que nos lixa por dentro e que se reflete por fora.

Já pensaram nisso? É que nós não sabemos o que o outro está a pensar, não perguntamos (por medo, por vergonha, porque achamos que sabemos…), mas o nosso lindo cérebro super, hiper, mega criativo começa logo a fazer grande esquema tipo daqueles dos filmes quando estão a tentar apanhar o assassino ou assim, e começamos a pensar “ah, não esta pessoa não está satisfeita com a performance porque estava à espera que eu fizesse assado e eu fiz cozido”, “ah, eu gostava de fazer assim, mas de certeza que não vai gostar, porque não tem ar de quem goste disso”, “Não é suposto fazer assim, por isso vou fazer como sempre se fez, mas acho que giro, giro era fazer uma coisa diferente para variar”.

E isto aplica-se a todas as áreas da vida, nós é que muitas vezes fazemos as coisas porque achamos que os outros todos estão com a expectativa no máximo em relação a nós e achamos que não podemos falhar, e então desdobramo-nos feitos loucos para cumprir com a expectativa, no entanto, muitas vezes a outra pessoa nem sequer pensou no assunto e na expectativa que tem em relação a nós.

Mais, muito provavelmente, e mais se forem meio despistados com essas coisas como eu sou, provavelmente não tinham mesmo pensado no assunto, o que significa que mesmo que perguntem qual é ou era a expectativa, haverá uma resposta, mas muito provavelmente, mesmo que sem querer, será uma resposta falsa, uma expectativa pensada só no momento.

Isto para dizer que, provavelmente, mesmo perguntando às outras pessoas quais são as expectativas em relação a nós poderemos ter uma resposta falsa ou mesmo irrealista, porque não foi devidamente pensada e refletida tendo em conta todos os elementos a considerar…

Claro que há situações em que sabemos que a expectativa elevada existe, e como queremos fazer as coisas bem, cumprimos com essa expectativa, mas também sei que mesmo fazendo isto, não será suficiente, porque enquanto mais nos exigem mais damos, e assim sucessivamente, o que significa que não teremos descanso nunca.

Já tentaram não fazer as coisas olhando ou pensando na expectativa dos outros em relação a nós, mas apenas tendo em conta aquilo que nos faz sentido naquele momento? É libertador, claro que não dá para fazer sempre, até porque vivemos numa coisa que se chama sociedade, como já falamos, e pronto, existem regras, mas dá para relaxar um pouco e o nosso melhor não é sempre igual, o nosso melhor é o que fazemos da melhor forma que conseguimos com os meios que temos naquele momento, portanto…vale a pena pensar nisso (outra referência para oldies).

Parece-me, tendo pensado no assunto, que a maior parte das expectativas são irreais, irrealistas e ilusórias, precisamente porque nem nós mesmos temos em conta os meios que temos e que os outros têm para as atingir…não se pode exigir a uma pessoa que encha uma piscina olímpica uma colher de cada vez numa hora, ou, - algo que ultimamente parece ser efetivamente exigido pelas perfeitas das redes sociais – que se tenha a casa sempre e em qualquer circunstância impecavelmente arrumada e limpa, sem uma única partícula de pó e sem camas por fazer, mesmo que se trabalhe a tempo inteiro e se tenha filhos e animais de estimação. Atenção, há quem consiga, claro que há sempre esses extraterrestres que conseguem tudo ao estilo MacGyver, mas no dia-a-dia do comum mortal esse tipo de pensamentos e expectativas são só sofrimento e frustração a caminho.

Olha, lembrei-me agora de uma daquelas publicações fofas de Insta ou de outra rede social qualquer que dizia tipo: “Se queres atingir a felicidade segue a regra das oito horas. Gasta 8 horas para trabalhar, 8 horas para as coisas que gostas de fazer e as restantes 8 para dormir, e terás o equilíbrio e a felicidade que tanto queres e mereces”. Quem é a pessoa que teve esta ideia e onde mora e o que faz é que gostava eu de saber, não seria para a parabenizar pela ideia fantástica, era para lhe dar com uma casca de banana na cara a ver se acorda. É que este tipo de publicações em vez de ajudar só carrega mais na frustração, ninguém normal hoje em dia consegue fazer esta distribuição de tempo, o que significa então? Que não vai poder ser equilibrado e feliz? Talvez, mas isso não se diz assim às pessoas…que falta de chá.

Portanto, em relação às expectativas sejamos meigos connosco e com os outros. Atenção, não é sermos moles e aceitar só o que vem e pronto, é ter mais consciência do que as pessoas (nós incluídos) têm material e psicologicamente à sua disposição para atingir os objetivos e expectativas criados.

Para terminar, para as expectativas irrealistas, como não temos o Dream Crusher (Esmagador de Sonhos) do filme “Viagem de Arlo” como mascote, vamos aqui dedicar-lhes uma música da Lily Allen, cujo título é “Fuck You”.

E assim me despeço. Expectando que voltem no próximo domingo a ver que mais coisas lindas tenho para dizer.

Da Vossa Criatura-Mais-Velha! 

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Tentativa #15 – Miss Venezuela



"Seja uma pessoa que valoriza a essência, não a aparência, cultive os valores mais profundos e não caia na tentação de se tornar um "super" em um mundo de estrelas sem brilho próprio."

Roberto Shinyashiki


Olá, olá! Como vão?

Aqui a vossa Criatura-Mais-Velha decidiu que era hora de avançar para junto das camadas mais jovens e assim e decidiu criar uma conta/página/perfil de Instagram. É verdade, vão seguir que vai ser muito giro (https://www.instagram.com/criaturamaisvelha_blog/).

Ora, toda a criação da página no Insta foi uma experiência, porque, para além das voltas infindáveis que dei para perceber como funcionava agora essa rede social adorável e das horas gastas a tentar perceber o porquê do Sr. Instagram não me aceitar no seu mundo e insistir em matar a conta antes da nascença, fez-me ainda lembrar do motivo para esta vossa linda não ter redes sociais para uso pessoal e livre: impacto negativo na autoestima e bem-estar mental à séria.

Mas antes demais, vamos até às origens de todo este encanto e desencanto pela beleza humana e pela obrigação social de existência permanente de beleza e perfeição, sobretudo para o género feminino, euzinha inclusive. É que cada vez mais se fala deste tema, mas o certo é que a relação tóxica com a beleza padronizada não apareceu só agora com as redes sociais e com as demonstrações extremas de perfeição mental e física que as influencers teimam em publicar. Não, não, esta relação de amor-ódio, para mim, pelo menos, vem de muitas vidas antes desta.

No meu caso, o início de toda esta jornada começa com algo que parece inofensivo e singelo, de seu nome: Miss Venezuela.

Este evento parava por completo a Venezuela, como se de uma final Benfica-Sporting se tratasse cá em terras lusitanas.

Para mim, a Miss Venezuela também era um evento brutal até porque também nós (eu, a minha Abuelita e minha mãe) parávamos para ver quem ganhava, se era justo, se era só bonita ou se tinha alguma coisa na cabeça que desse para dizer mais do que “Olá, sou a Miss Caracas e quero muito paz no Mundo”.

Mas agora que penso e analiso a situação, é um concurso bizarro. O concurso existe para os homens verem gajas supostamente boas e para que as mulheres do clube dos comuns-mortais criticassem as bonitas por serem bonitas (e de certeza não terem uma pinga de inteligência) e as menos bonitas porque não deviam ter direito a participar num concurso de beleza daquela categoria.

Houve uma Miss Venezuela que me marcou: Alícia Machado. Era uma das favoritas desde início, esforçou-se, passou por todas as restrições e mais alguma que são normais nesse tipo de concursos, em que até o sentido de humor limitam, e lá ganhou e ficou muito feliz, tal como todos os seus fãs. Mas, passados que foram alguns meses, foi duramente criticada porque teve a ousadia de engordar. Foi capaz de desiludir um país inteiro por amor às arepas, que desgraça e que ingrata que ela foi.

Eu ao ver isso com cerca de oito anos fiquei preocupada e triste, porque efetivamente era uma miúda gorducha (perdão, eu não era gorda, era maciça e com ossos fortes, como a minha Abuelita bem dizia sempre que alguém ousava dizer que eu tinha uns quilinhos a mais, mentiras atrozes dessas pessoas invejosas) e ainda para mais tinha um exemplo de mulher linda, magrinha e perfeita em casa: a minha mãe - que ainda hoje em dia é dona de uma beleza e carisma inigualáveis (para mim, será sempre a merecedora do título Miss Venezuela).

Porque fiquei assim? Porque o que retirei do que vi nessa altura é que o que era correto e bonito e aceitável era ser o mais magra possível, e que não tinha interesse nenhum o resto, nem inteligência, nem sentido de humor, então se nem sequer a queridinha da Venezuela podia fugir aos padrões de beleza porque gostava mais de comer do que de dar entrevistas em bikini a mostrar os abs super definidos que era logo ostracizada, o que me restava a mim, não é?

Depois tínhamos outras indicações forçadas e constantes em como ser magrinha, linda, perfeitinha, adorar maquilhagem, odiar comida e ter pensamentos próprios, bem como rejeitar qualquer tipo de atividade que se aproximasse a “coisas de meninos” é que era o caminho a seguir se queríamos crescer como mulheres parideiras e de família e socialmente aceites…

Essas indicações também tinham uma máscara de inofensivo, mas que na verdade afetava e afetou o psicológico da maior parte das meninas que passaram por isso e sobretudo para aquelas que não tinham desde logo uma autoestima saudável.

Essas indicações apareciam em forma de Barbies com corpos perfeitos mas totalmente utópicos. Em especial as publicidades em que, para além de estarem sempre lindas, maravilhosas, magras, super bem maquilhadas e com penteados perfeitos, as Barbies eram capazes de tudo, de ter qualquer profissão e continuar sem olheiras, sem um cabelo fora do sítio e sempre com um sorriso perfeito…Mentiras! Ultrajes! Criação de ilusões e de expectativas irrealistas! A Mattel deveria ser processada! Estou a exagerar, claro, mas é forte o que fizeram e fazem com a cabecinha das miúdas, e mesmo dos miúdos, que não têm capacidade de filtrar e de ter espírito crítico em relação a estas coisas (que, com idade com que se brinca com essas coisas ninguém ou quase ninguém tem, de todo).

Falando em publicidades, também há outra que me atinge em todos os nervos: as publicidades de pensos higiénicos e afins em que mostram uma mulher maravilhosa a fazer trinta por uma linha, as atividades mais radicais e satisfatórias, sempre impec e sempre com cabelo estilo Pantene a acompanhar, quando bem se sabe qual é a realidade das coisas…A realidade é feia, com borbulhas, com inchaço, cólicas, cãibras e com uma vontade de ficar na cama à espera que a coisa passe e a rezar para não mandar ninguém para um certo sítio sem querer. Para os senhores que inventaram essas publicidades e que ainda se orgulham disso, espero que durmam numa cama cheia de legos lubrificados com óleo e que sintam cheiro de naftalina de forma constante e por toda a eternidade.

Outra coisa muito gira era e é a perfeição das atrizes e cantoras que se nos apresentam nesta vida como exemplos. Também elas sempre lindas e maravilhosas e as favoritas de tudo e todos até que fritam a pipoca pela pressão ser tanta e decidem entrar num cabeleireiro à-toa e rapar o cabelo todo (quem percebeu, percebeu, quem não percebeu, vão perguntar ao Sr. Google que ficam logo a saber quem foi a louca).

Isto deveria chegar-nos para perceber que a maior parte dos ídolos das crianças e jovens são “feitos à medida” para que passem a mensagem que se quer: tens que ter a vida perfeita e ser sempre feliz e estar sempre no teu melhor. Ou seja, deveria ser o suficiente ver o que a exigência pela perfeição faz às pessoas mesmo dentro da área (no género masculino também, como é óbvio, mas creio que com mais “entusiasmo” em relação ao género feminino onde as exigências estendem-se a todos os aspetos da vida), para perceber o quão mal está esta sociedade e o quanto temos que ajudar os miúdos a perceber que está bem não ser perfeito e que o importante é ter uma relação saudável connosco e com os outros e com tudo o que há à nossa volta, nomeadamente, comida, bebidas e outras substâncias, e sobretudo que é para aproveitarmos enquanto cá estamos para viver e para gostar de viver, mesmo com dias maus pelo meio, e não para sofrer com que os outros esperam de nós e que depois se tornam as nossas espectativas também mas falsamente.

Bem, na minha altura a psicologia e preocupação com o que as crianças poderiam estar a retirar dos programas e conversas que apanhavam dos adultos não tinha a importância que tem nos dias de hoje. Por isso, mesmo tendo uns pais excelentes, certo é que me deixei influenciar, e muito, por aquilo que retirava da cultura pop e das exigências da sociedade em relação ao que as meninas e mulheres deveriam ser: perfeitas em todos os aspetos e em modo permanente.

Isto reflete-se até aos dias de hoje, e, voltando ao início da conversa de hoje, foi com o Instagram que percebi que por mais adulta que seja, quando algo não está devidamente tratado e curado, pode ter as mesmas consequências do que em criança.

Eu tive Insta parcos meses durante o ano de 2021 e digo-vos uma coisa, consegui sentir-me de novo como uma criança/adolescente que via as perfeitas desta vida, a achar que essas perfeitas o eram sempre e que eu, sem-vergonha e preguiçosa, não era como elas porque tinha sido desleixada, porque elas têm sempre a vida toda cuidada e calculada e que por isso é certamente muito fácil “é só organizar o dia” e que eu simplesmente era uma baldas (olha a Patrocínio, com 4 filhos paridos e sempre a meter inveja às pessoas, e eu só com uma assim dessa forma). Achei que deveria ser mais “Instagramável”, que deveria ter sido a vida toda disciplinada, quase obcecada com a perfeição, porque o efeito de não o ser era o estado lamentável em que me encontrava.

Adivinhem…As perfeitas o são para as fotos e vídeos que postam nas redes sociais, mas não o são durante o dia-a-dia, todos os dias das suas vidas, ámen. E adivinhem…Eu sempre soube isso, mesmo quando olhava para as fotos de corpos, caras e vidas perfeitas das perfeitas desta vida. No entanto, adivinhem…Este sistema cerebral que para aqui anda estava num estado tal que mesmo sabendo, se deixou afetar e se autossabotou, destruiu mais um pouco a autoestima a ficar a olhar para as perfeitas.

Eu acho muito difícil seguir aquela máxima que muito provavelmente criaturas que passaram pelo que eu passei neste aspeto criaram: Ama-te como és, és perfeita assim! (até porque em termos de saúde e de equilíbrio acho perigosa também esta vertente…pode dar muito para o torto e continua a dar importância em demasia à perfeição e à beleza, só que já numa de aceitar o destino e aprender a gostar).

Mas certo é que, para mim foi muito libertador deixar essa rede social do demo, pelo menos ao nível pessoal, e ir percebendo que temos fases melhores e fases piores, mas o que importa é haver um equilíbrio entre expectativa e realidade, para que possamos lidar bem com nós próprios, mas sem sermos desleixados em demasia, porque isso também acaba por querer dizer que não nos importamos connosco e isso não pode ser.

Portanto, resumindo e baralhando, tenham e sigam redes sociais e tenham como exemplos as perfeitas desta vida, se assim se sentirem melhor, mas tentem sempre olhar também para o espelho, sem comparação, com orgulho e utilizar só como fonte de inspiração para poder alcançar o equilíbrio.

Sejam mas é felizes, mesmo que com formatos e feitios diferentes!

Da Vossa Miss Criatura-Mais-Velha!

 

domingo, 11 de maio de 2025

Tentativa #14 - Devil in Disguise: A Alegria

 "As nossas possibilidades de felicidade são assim limitadas desde o princípio pela nossa formação. É muito mais fácil ser infeliz."

Sigmund Freud


Como estão, meus desesperados do coração?

Eu por aqui ando bem, no meio dos meus desesperos e pensamentos desesperados diários. E no meio disso tudo, dei por mim a pensar num tema que me despertou o interesse porque, embora me pareça que se vai ouvindo cada vez mais sobre isto, ainda acho que é um tema que surpreende, porque é disruptivo daquilo que a sociedade nos tem vindo a empurrar goela abaixo.

Esse tema é a Alegria ou Positividade Tóxica.

Verdade, esta emoção tão boa e que toda a gente persegue e quer constantemente alcançar, pode ser péssima para a nossa saúde, da cabecita e do corpuxo.

E porquê perguntam vocês, como pessoas ansiosas e desesperadas que são, tal como eu.

Como é possível que uma emoção positiva (das básicas, até sendo a única considerada como emoção positiva) possa ter um efeito destrutivo e negativo?

Eu digo-vos como! Sim, que tenho lido e pensado e analisado esta questão curiosa. 

Primeiro, embora esta parte fuja um pouco daquilo que se tem vindo a considerar como sendo a alegria tóxica, um aspeto negativo da alegria é a falta de capacidade de foco e até de inteligência que por vezes sinto quando estou demasiado alegre (e não me refiro a quando tenho ajudas químicas para estar nesse estado).

Sim, é verdade, eu sinto e já constatei por meios próprios e diretos que quando estou demasiado feliz/alegre fico exponencialmente mais burra (ou menos inteligente, pronto), fico muito menos focada e só quero é estar a lourar a pevide e no bem bom.

Tudo o que sejam assuntos sérios ponho-os bem, bem longe, nesses momentos, evito falar com pessoas que me venham pôr a pensar com assuntos mais complexos, mesmo que sejam muito interessantes e que até goste e basicamente restrinjo-me a conversas em que o objetivo seja o volume de piadas e risotas por minuto que possa existir.

Fico também em modo não quero fazer nada que não seja estar a desfrutar desta sensação, o que significa que a preguiça (que até é o meu animal espiritual e tudo) venha ao de cima com toda a força, o que significa que não há exercício físico para ninguém. O que faz sentido, porque, em princípio, quando se está com a "sensação plena de felicidade/alegria" não precisamos de nada mais, portanto, o cérebro fica no bem-bom e não quer sair de lá.

Fico em modo bobo da corte, portanto.

Se gosto? Gosto, muito, se pudesse ficava nesse estado de burrice alegre o máximo de tempo possível. Se posso? Não posso, não...até porque o meu trabalho não permite e ficar nesse estado de forma constante provavelmente seria indicativo de que deveria já tratar do meu cantinho no Júlio de Matos.

Depois temos o que de há uns tempos para cá batizaram de "Alegria Tóxica", sim, nesta nova era tudo o que não gostamos e é "perigoso" batizamos de "tóxico", já esgotaram os outros adjetivos.

E o que é isso de Alegria Tóxica afinal? É o resultado de uma sociedade que nos quer a todos alegres e a ignorar os problemas e os sentimentos menos docinhos.

É aquela conversa que se encontra em qualquer página de rede social motivacional ou mesmo em slogans de instituições públicas e privadas em que encontramos frases como "Tudo vai ficar bem" (por vezes acompanhado de um arco-íris...faz-vos lembrar alguma coisa?), "Tem pensamentos positivos que tudo o que mais queres  vai-se concretizar só por isso", "Força o sorriso que o resto acontece por si" e coisinhas fofas, giras e docinhas desse género.

Também encontramos esta conversa com amigos e no seio familiar, quando estamos a desabafar as nossas angústias e sobretudo se essas angústias e desesperos se começam a prolongar um pouco mais do que o politicamente correto (que é tipo 5 minutos por mês ou assim), começam a surgir respostas para abafar isso tudo como "Vais ver que vai passar", "Tem calma que já passei por isso e resolvi, por isso tu também consegues", portanto, basicamente, "Cala-te lá que estás a estragar a vibe". 

Atenção, nem sempre estas frases cliché surgem somente para deixar de ouvir queixumes. Às vezes surgem porque do lado de lá já não têm mais meios nem ideias para nos ajudarem e resta a cartada da tentativa de consolação e de dar uma esperança mesmo que vazia de sentido. 

Eu compreendo, também faço isso, não me vou a armar em boa (porque já sou mesmo, estou a brincar, vá, vocês já leram as Tentativas anteriores...não me deixam mentir). Mas por vezes mesmo com esta boa intenção, certo é que se abafam sentimentos e emoções que a pessoa que está a falar conosco precisa de deitar cá para fora (como nos aconselhava aquela publicidade antiga da TMN - atual MEO - Meo Deus, estou mesmo a ficar uma criatura bem velha).

Sei que gera não só desconforto ouvir alguém a expor sentimentos e emoções negativos, de expor os seus problemas, de ver pessoas a chorar ou a desesperar e não saber o que fazer, como às vezes se torna mesmo chato, porque uma pessoa quer é estar descansadinha e a sentir boa vibe e não a aturar o chato a queixar-se (sou eu muitas vezes esta última personagem). Mas a diferença entre abafar a conversa e deixar a pessoas falar abertamente, sem se sentir criticada ou deslocada por não estar feliz, cabe na tal diferença entre empatia e simpatia (aconselho que vejam este vídeo para se perceber melhor esta diferença, tem só 5 minutos e é com bonequinhos e tudo - https://youtu.be/KZBTYViDPlQ?si=s0O8YMacvI6x9y8o), e que pode fazer a diferença na vida da pessoa, podendo até encontrar alguma solução verdadeira só de estar a conversar sobre o assunto, ou mesmo perceber que afinal aquela emoção negativa não tem que estar tão forte e que não é assim tão grave o que se está a passar. 

Portanto, temos a  "alegria tóxica" como a procura e imposição incessante de positivismo, que obriga, por contrapartida, a suprimir tudo o que sejam emoções negativas e as suas variantes e vizinhas (como a tristeza, a raiva, o medo e o nojo - sim, o nojo, porque com a positividade tóxica temos que gostar até do que não gostamos, que é para não quebrar a cena). 

Esta crença ou obrigação social atual leva a uma procura desesperada de algo que não existe: a felicidade permanente e eterna, sem interferências ou apagões (é quase uma caça aos gambozinos). O que, por sua vez. prejudica, e bem, a nossa rica saúde mental e física, porque nos provoca mais stress, mais ansiedade e mais depressão, não só pela repressão das emoções como a pressão de ter como única emoção válida a alegria (sempre me irritou a Alegria do filme DivertidaMente, agora já sei porquê).

Portanto, concluindo, tanto para o nosso bem, como para podermos evoluir e sermos pessoas minimamente equilibradas temos que tentar equilibrar as nossas emoções, tanto as positivas como as negativas, porque, tal como já nos ensinavam os antigos, tudo o que é demais enjoa e faz mal (até água a mais faz cirrose, portanto, agora pensem...).

Bora então ser felizes q.b. e começar a abraçar as outras amiguinhas que vão surgindo, não para as ter como gémeas siamesas mas para tirar proveito de cada uma delas em cada momento, sempre tendo como foco a nossa saúde e a dos que nos rodeiam (há alergias alimentares, penso que também poderá haver alergias emocionais, por isso, temos que ter atenção aos consumos excessivos, acho que é uma metáfora do caraças esta, fogo!). 

Espero que tenham gostado e que vos tenha feito algum sentido toda esta conversa, se quiserem dizer da vossa justiça, estejam à vontade, como sempre.

Da vossa emocional Criatura-Mais-Velha!

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Tentativa #13 - Luto e Saudades

Os mortos são uns invisíveis, e não uns ausentes."

Victor Hugo

Ontem foi um dia carregado de significado. Foi Dia da Mãe, foi o aniversário do meu cunhado (recém-chegado ao clube dos trinta, parabéns, que as dores e sons estranhos a agachar e a espreguiçar comessem!) e, por fim, seria o aniversário do meu mais velhote adorado, o meu Abuelito lindo.

Se fosse vivo o meu Abuelito teria a maravilhosa idade de 90 anos!!! 

Infelizmente o meu Abuelito partiu em 2007. Mas deixou bem a sua marca cá na Terra e nos corações de quem o conheceu! O JJ como era conhecido por todos era aquele velhote bem-disposto e brincalhão que todos queriam ter ao lado, mesmo que às vezes fosse muito chatinho quando havia um copicho ou dois a mais na cena.

Era um senhor, diria eu, de cerca de 1,80m altura (mas eu lembro-me dele como se tivesse 2,50m!), com bigode à "mafioso mexicano", sempre bem cheiroso, que fazia cara de mau, mas que era só a cara mesmo. Que tinha a alma livre, curiosa, brincalhona, ciumenta (de mim sobretudo quando eu apoiava o meu pai nos jogos de dominó que duravam a tarde e noite toda, e que eu achava uma graça tremenda - eu era a super anotadora de pontos e dava mais cinco a quem ganhava, que normalmente era o meu pai). 

O meu Abuelito fez parte da minha infância, e mesmo que à distância, fez parte do início da minha adolescência, tratava-me por "Palomita" e fazia-me sentir das crianças mais especiais que tinham por aqui passado. Para além dos miminhos infinitos e das vezes tantas que me fazia rir e que me ajudava com os trabalhos de matemática, oferecia-me guloseimas e uma iguaria que ainda hoje é a minha perdição: rolinhos de fiambre com maionese!

Sei mesmo e por conhecimento próprio que o meu Abuelito gozou a vida ao máximo, e por isso, o lembro com o sorriso rasgado na cara e com a felicidade de ter podido tê-lo como companheiro, como exemplo (para o bem e para o mal, que também é preciso) e de ter passeado imenso com ele, a ouvir a sua gargalhada contagiante e a rir dos disparates e palhaçadas que fazíamos (tipo guerra de pedras de gelo e perucas de algas do mar, deitar-se na relva enquanto havia um trânsito infernal à pala de uma derrocada, dentre outras tantas) e de me ter dado a conhecer as músicas dos Mariachis mais arrechos de sempre (Orale, mano!).

Antes da perda do meu Abuelito, o primeiro contacto que tive com a morte foi com o falecimento da minha Abuela, mãe do meu Abuelito, de cabelinho todo branco, olhar malandro e doida por manga e açúcar (dizia que não comia manga, estando toda ela em estado amarelo). 

Tinha eu cinco anos, estava na escola quando me foram buscar muito cedo e me foram entregar na casa de uma tia-avó e fiquei dois dias a brincar com os meus primos... Não tinha percebido o que tinha acontecido. 

Quando me contaram fiquei mesmo triste. Triste de não me ter podido despedir, triste de ter perdido aquele miminho ansioso, que mesmo sem saber pronunciar bem o meu nome, se sentia no colinho e miminho dela que o amor por mim era absoluto e incondicional (ainda me lembro de a ouvir no terraço a chamar-me assim que me ouvia chegar "Menina, menina, anda cá a abuelita").

Depois, a perda que me custou mais foi a do meu Tio. 

Bem, o meu Tio era aquele tipo super bacano, que vivia o presente e só depois é que se preocupava com o amanhã, se tivesse que ser. Ajudava toda a gente e depois pedia ajuda à mana mais velha, claro (não servimos nós para outra coisa, e o pior é que gostamos). Era uma das pessoas mais alegres, brincalhonas, malandras e trapaceiras (no bom sentido da palavra) que eu já conheci na vida. 

Fazia-me trinta por uma linha, e depois quando eu dizia a célebre frase "Mãe, olha o tio!" ele dizia logo "Não foi nada, não foi nada, está tudo bem!", e pronto, a minha mãe ria-se e nós também, porque a relação dos dois era mais de irmão e irmã do que de Tio e sobrinha. Era mesmo muito bom, para além das brincadeiras e das gargalhadas, o meu Tio (e o irmão mais novo que eram como unha e carne) enchia-me de presentes e guloseimas às escondidas da minha mãe e ensinava-me "malandrices brancas", tipo pôr álcool etílico no perfume do mano, para que não percebesse que o perfume estava a ser usado sem permissão e sem juízo nenhum. Era o máximo, adorava esse meu Tio, mesmo um bacano, sabem? Aquela pessoa que estás à espera que chegue para que a festa comece, era ele.

Foi o meu Tio que me fez nunca fumar (embora ele fumasse sei lá quantos cigarros Marlboro Vermelho por dia, que ia comprar na padaria que ficava mesmo em frente à casa dos meus avós) e que me fez gostar de pessoas descontraídas, de mecânica e de Cumbia e Vallenato, que me fez perceber que temos que ter atenção aos nossos limites mas que, sobretudo, temos que aprender a viver o presente e o dia-a-dia o melhor possível, porque nunca sabemos quando acaba e o que importa é deixar em quem fica  e levar connosco, seja para onde for que vamos a seguir a isto tudo, a alegria de nos termos cruzado neste mundo, mesmo que por aquilo que pareceu um microssegundo.

A seguir foi o meu Avô paterno a partir. De infância não tenho muitas memórias com ele, porque ele morava em Portugal e eu na Venezuela, mas as que tenho são mesmo boas. Uma paciência extrema para as brincadeiras de uma criança chatinha e irrequieta, mas com montes de piada, claro (euzinha)! Lembro-me de ficar na casa dos meus avós que era no campo, e de ter sido lá que pela primeira vez senti o fresquinho da manhã com cheirinho a árvores, relva molhada pelo orvalho e natureza mesmo (também onde vi um coelho ser esfolado, mas pronto, faz parte...contraste entre campo e cidade, que também faz bem ao caráter!). Foi com o meu Avô que fiz vindima, pisei as uvas e provei o aguapé (que não é aguapé, é a fase antes, que não me lembro o nome, portanto, vamos só deixar assim) e que apanhei figos  e outras frutas boas e meio Frankenstein que ele criava diretamente das árvores.

Era felicidade o que via nos olhos do meu Avô quando me via a mim e à minha família, mesmo quando já estava acamado e sem perceber muito bem o que se estava a passar à sua volta. Para nós ficam as boas lembranças e o Sacola bem disposto e de rosto rosado e sorriso rasgado, que estava pronto a nos receber sempre e a dar-nos o melhor do pouquinho que tinha em casa (desde o chourizinho e queijinho de ovelha até ao vinho, licores e aguardentes caseiros), sempre acompanhado de histórias e lengalengas antigas e de muitas gargalhadas e boa disposição.

Quando o meu Avô faleceu chorei, mas chorei de soluçar a chorar e não conseguir parar. Foi o primeiro funeral da família a que assisti. E parecia que aí me estava a despedir dos que tinham partido e de que não tinha tido oportunidade de me despedir. Custou muito, pode ter parecido exagerado aos que viam de fora, mas para mim, com 18 anos ou perto disso, foi mesmo isso, uma despedida acumulada, um desabafo sentido e um até já para os três.

A minha Abuelita partiu também, na Venezuela, sem possibilidade de nos despedirmos, mas com o alívio de saber que finalmente ia encontrar-se com o meu Abuelito e com o meu Tio, que era das coisas que ela mais queria. Recebi a notícia do falecimento dela numa tarde de fevereiro, estava eu sozinha no escritório a trabalhar. Chorei tudo o que tinha a chorar, mas depois senti o tal alívio por ela e a felicidade de a ter tido comigo tão presente e sempre tão minha Abuelita.

Adorava e adoro essa mulher! Sempre mulher forte, a levar a família toda avante (só o dinheiro é que vinha do meu Abuelito, que o resto era ela a mandar!). Mulher de armas, com mãos fortes e com garra! Com um sentido de humor imensurável e uma paciência de anjo para mim e para a minha irmã, que a chateávamos até mais não, e ela tentava mas não se conseguia chatear connosco, só olhava para nós e se ria ("Suas loucas" nos chamava).

Dizia o que tinha para nos dizer, tratava o meu pai por senhor (por respeito máximo e agradecimento pela boa vida que ele nos dava e nos dá), rezava o terço a dormir e via as publicidades, para dormir enquanto dava a novela (o que ela negava perentoriamente). Quem jogasse às cartas com ela era melhor levar proteções, que às vezes voavam coisas e quem fosse comer a bendita comidinha da minha Abuelita tinha que ir de barriga vazia porque ia ser das melhores experiências que teria, mãos abençoadas (pessoal da Madeira é outra coisa...meu Deus que era tão boa a comidinha da minha Abuelita).

Há menos tempo foi a minha Avó paterna a partir. Sempre muito religiosa, ouvia o terço todos os dias para ter companhia para rezar, guardava nas gavetas bolachas, amêndoas e maçãs pequeninas para dar aos netos e bisneta às escondidas. Dizia que a melhor época da vida dela foi nos arrozais de Vila Franca de Xira, antes de casar, e adorava a comidinha que os meus pais faziam para ela.

Era uma pessoa muito doce, com graça também, não porque dissesse muitas piadas, mas porque não podia ouvir-nos a dizer nada minimamente engraçado que se começava logo a rir até ficar em lágrimas. 

Gostava muito desta minha Avó, que também passou por muito para poder criar os filhos, que teve uma vida dura no campo e que foi mulher do campo numa época muito difícil em que ter voz não existia para mulheres com filhos e marido, muito menos no campo...

Esta mulher de menos de metro e meio ensinou-me que na vida, por mais madrasta que ela nos pareça, só nos resta lutar. Lutar e lutar com tudo o que temos, porque, acreditem no que acreditem, se estamos cá é por algum motivo (nem que seja para os nossos) e nunca nos devemos dar por vencidos (esta mulher de menos de metro e meio, para além de tudo o que passou ao longo da vida lutou contra dois cancros com muito valor e força de vontade e muito espírito de sacrifício, sempre de sorriso no rosto - menos quando estava na missa, que aquilo era local sagrado e ai de quem ousasse portar-se mal naquele momento ao pé dela!).

Como estão a perceber, as gargalhadas era e é um ponto em comum nos elementos da minha família. Tive muita sorte de ter conhecido estas pessoas fantásticas, que fazem ainda parte de mim e sempre hão de fazer, que me custou tanto perder e que chorei vezes e vezes sem conta durante anos a fio.

Mas, isso está a mudar, até porque parecendo que não, já não vou para nova e uma pessoa vai pensando mais nestes assuntos. Então, se eu quero que quando for a minha vez de ir descansar me lembrem como a maluca bem-disposta, rabugenta, cuidadora, chatinha, que gostava de uns bons copos e ainda mais de gargalhadas valentes e de dançar até lhe doerem os pés, e que se quero que celebrem assim quando chegar o dia (daqui a muitos muitos anos, bate na madeira!), também acredito que os que partiram queiram o mesmo. 

E é por isso que hoje os lembro, com saudades e sempre com a lagriminha no canto do olho, como não podia deixar de ser, mas sobretudo com um ENORME SORRISO na cara, porque não podia ser de outra forma, são demasiadas histórias e experiências boas, e demasiada coisa maravilhosa que se passou com eles, para deixar isso para trás e pôr a tristeza da perda ganhar forças.

Olha, e é isto, para dizer-vos, porque sei que estejam onde estiverem estão a ver-me e a ajudar-me e continuam a dar-me forças e sentido de humor mesmo nos momentos menos bons, que vos amei e que vos amo com todo o meu coração e que deixaram em mim o melhor que posso ter e passar agora aos meus. Obrigada por tudo e até um dia! Vão preparando a musiquinha boa e a vinhaça para comemorar quando nos virmos de novo!

Espero que tenham conseguido também relembrar as coisas boas dos vossos e que guardem sempre essas memórias boas e deixem o resto para trás, porque o que interessa é mesmo essa marca que nos deixam e nos faz agradecer ter podido estar com eles!

Da vossa nostálgica Criatura-Mais-Velha!