“Devem ser evitados os tristes
de que tudo se queixam.”
Séneca
Quando era criança, a minha
emoção básica mais proeminente era a alegria. Os meus pais contam que iam
caminho fora com pessoas a meterem-se comigo porque eu não parava de sorrir
para os estranhos com que nos cruzávamos e eles devolviam prontamente o sorriso.
E, pronto, os meus pais ficavam todos babados e eu continuava por essa estrada
fora feliz da vida.
Era inocência pura de uma criança
feliz e bem alimentada a funcionar. Era a ausência de preocupações, todo um
mundo à frente, os sonhos que de certeza que se iam realizar (sim, como veem,
realizou-se, sou a dançarina famosa que todos conhecem e que aparece em todos
os videoclips da MTV – se é que ainda
passam videoclips na MTV -, só que na
minha sala de estar e sem que ninguém esteja a ver de preferência)…
Agora, com 35 anos de idosidade, estão de mãos dadas o medo e a
tristeza (só um aparte, para quem lê estas linhas e se preocupa comigo: não se
preocupem, o que escrevo aqui é verdade, mas está controlado e em evolução
positiva, é só um desabafo e uma catarse para aliviar as angústias interiores
deste ser luminoso que sou eu).
Bem, e o que se aprende e o que
se faz com esta parelha fantástica de emoções que me acompanham diariamente?
Perguntam vocês.
Se deixar a parelha andar
livremente a saltitar pelo meu crânio, normalmente não aprendo praticamente nada
de positivo, porque entre as duas o que me fazem é congelar-me no presente e
prender-me no passado em simultâneo. Sim, têm esse poder paradoxal e fantástico.
Portanto, pirosamente falando, não me
deixam viver o presente, deixam-me com nostalgia pelo passado e a tremer de
medo do futuro.
E mesmo sabendo disto, são com
estas duas lindas amigas com quem mais convivo, vindo à mistura ainda a alegria
mas agora em formato de sentido de humor estragado, mas sim, as minhas duas
lindinhas favoritas são o medo e a tristeza.
Agora que já percebi isso, estou
a tentar treiná-las e treinar-me a mim para as deixar ir descansar um pouco
(que por mim podem ir de reforma antecipada sem penalizações, e vão fazendo só
um biscate ou outro de vez em quando, só quando é mesmo preciso).
Não está fácil, elas estão mesmo
apegadas a mim porque claramente sou uma pessoa super irresistível, mas se
algum dia elas lerem estas linhas tenho umas coisinhas que gostava de lhes
dizer para que elas interiorizassem de vez. E essas coisinhas são as seguintes:
1.º - Obrigada pela visita mas já chega, podem ir à vossa vida.
2.º - A sério, estou a ficar sem tempo para vocês, porque preciso
de fazer mais coisinhas boas e diferentes desta vida e vocês são um grande
empecilho e bloqueiam a motivação, que é tão linda.
3.º - Juro que vos ligo nos anos ou assim (marcamos um café e
tudo…), mas só assim um dia destes…
4.º - Por favor não visitem a minha filha tão frequentemente, para
que ela possa explorar todo o potencial que está naquela pessoinha linda que está já quase do meu tamanho (uns tremendos
1,57m!) e para que possa desde cedo descobrir o que a faz feliz, que o pode
fazer sem receio nenhum e com todo o apoio do mundo.
O resto que gostava de transmitir
a estas minhas duas amigas desta vida não vou escrever aqui, pelo menos para
já, porque o blog ainda agora começou e não quero que me bloqueiem ou me
cancelem, ou lá como se diz agora…
Mas isto tudo para dizer o quê?
A) Que vou continuar a minha luta e a perseguir o conhecimento em relação a
estes temas para poder ajudar-me a mim e aos que me rodeiam e queiram também ir
neste caminho comigo; B) Podem dar dicas, que se agradece; C) Quando me livrar
destas duas amigas (ou pelo menos fazer delas só colegas e não amigas), vou
abrir um espumantezinho e venho aqui contar-vos.
E, pronto, cá está. Fica aqui mais
uma Tentativa de largar o desespero por esta World Wide Web fora a ver no que dá e logo volto com mais dilemas
existenciais desta minha existência existencial.
Da vossa Criatura-Mais-Velha.
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